Parceria de prefeitura e Associações de Catadores. Bom para quem?
- Consultor - Agenda Econômica
- 3 de dez. de 2020
- 2 min de leitura
Segundo Antônio de Pádua Bosi, em seu trabalho intitulado - A organização capitalista do trabalho "informal": O caso dos catadores de recicláveis, "Quando os catadores fizeram-se visíveis nas grandes cidades, era possível quantificá-los em milhares. Estima-se que, no ano de 2005, a população de catadores no Brasil tenha ultrapassado 1 milhão de trabalhadores (UnB, 2005)."
Observa-se, que esta quantidade de subempregados não só aumentou como também teve o contingenciamento necessário para a sua subsistência transformado em um tormento. Isto, considerando que as necessidades de uma sociedade consumista como a nossa trouxe oportunidades concentradas nas mãos de poucos e um desnível crescente para a mobilidade entre as classes sociais.
Isto acontece, pelo fato de que as políticas ditas "sociais" só atendem superficialmente às necessidades humanas que elas vislumbram sem mexer nas suas causas. E para isto, me utilizo de uma reportagem recente produzida em Cataguases.
Veja o título de uma matéria deste dia 03dez20 do site Midia Mineira falando sobre o tema: "Parceria entre prefeitura e Associações de Catadores deverá ampliar pontos de coleta de recicláveis" E toda a matéria se atém a descrever resumidamente o propósito do referido projeto e o endereço e horário da "coleta seletiva".
Na verdade, a história dos indivíduos classificados como "catadores de lixo" é longa e não é circunscrita ao Brasil. Fazendo um aprofundamento no trabalho de Bozi, acima identificado, vemos que esses trabalhadores se apresentam como o resultado de um processo mais amplo e incutido na própria estrutura do tipo de industrialização que vem ocorrendo no mundo e que no Brasil ocorreu a partir da primeira metade do século XX.
O autor se refere assim, a esse desenrolar de acontecimentos "Quando os catadores fizeram-se visíveis nas grandes cidades, era possível quantificá-los em milhares. Estima-se que, no ano de 2005, a população de catadores no Brasil tenha ultrapassado 1 milhão de trabalhadores (UnB, 2005).2 O crescimento dessa força de trabalho foi bastante intenso nos últimos quinze anos. Se considerarmos, por exemplo, que no ano de 1999 existiam cerca de 300 mil trabalhadores envolvidos com a cata de recicláveis, o aumento percebido em relação ao ano de 2005 foi superior a 240%. O surgimento e o crescimento dessa força de trabalho encontram paralelo noutros países da América Latina. Na Argentina, existem cerca de 30 mil catadores somente na cidade de Buenos Aires (Gorbán, 2004). Na Colômbia, estimam-se aproximadamente 300 mil catadores espalhados pelo país (Rodrigues, 2002). Com relação ao crescimento dessa força de trabalho no Brasil, pode-se projetá-lo retrospectivamente para a década de 1980, se computarmos como evidência a criação de diversas associações de catadores nas capitais e em algumas grandes cidades. Portanto, quando os catadores tornaram-se realidade como força de trabalho por volta da segunda metade da década de 1980, sua posição não foi de complementaridade, tal como eram definidos os trabalhadores autônomos na década de 1970. De outro modo, a expansão histórica desse setor guarda relação estreita com a ampliação da população de catadores, tornando-se possível e viável como negócio lucrativo somente quando encontrou numeroso contingente de trabalhadores, desocupados ou semi-ocupados, convertível em catadores."
Fontes:
https://www.midiamineira.com.br/2020/12/parceria-entre-prefeitura-e-associacoes.html
A organização capitalista do trabalho "informal": O caso dos catadores de recicláveis - Revista Brasileira de Ciências Sociais

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